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Advogados do “Trisal” Acusado de Matar Igor Peretto Se Manifestam Antes de Julgamento Crucial

O caso chocante do assassinato do comerciante Igor Peretto, ocorrido em agosto de 2024, entra em sua fase mais decisiva. Com o encerramento do prazo para as manifestações das defesas, a expectativa agora se volta para a decisão da Justiça: Rafaela (viúva da vítima), Marcelly (irmã de Igor) e Mario Vitorino (cunhado) – o trio que a imprensa apelidou de “trisal” – serão submetidos a júri popular? Os advogados dos acusados apresentaram seus últimos cartuchos, enquanto o Ministério Público reforça a tese de premeditação e motivações passionais e financeiras.

Entendendo o Nó Cego: O Contexto do Caso Igor Peretto

Para quem chegou agora e está perdido neste intrincado novelo de paixão, dinheiro e facadas, vamos ao ponto: este caso trata do assassinato brutal de Igor Peretto, um comerciante que foi morto com 11 facadas em agosto de 2024. A peça central dessa tragédia é o processo judicial contra três pessoas acusadas de serem as responsáveis por esse homicídio, e que são convenientemente ligadas à vítima por laços familiares e, segundo a acusação, por um relacionamento extraconjugal coletivo:

  • Rafaela Costa Silva: a viúva de Igor Peretto.
  • Marcelly Peretto: a irmã de Igor Peretto.
  • Mario Vitorino Neto: o cunhado de Igor Peretto.

O Ministério Público sustenta que o crime foi minuciosamente planejado, impulsionado por um “triângulo amoroso” entre os acusados e por claros interesses financeiros que seriam beneficiados com a morte de Igor. Mario assumiria uma sociedade lucrativa com a vítima, enquanto Rafaela herdaria os bens. Em resumo, a história de um homem que, aparentemente, virou um estorvo tanto na vida afetiva quanto nos planos financeiros dos seus próprios familiares mais próximos.

As Cartas na Manga da Defesa: Celulares, Vazamentos e Dúvidas

As defesas dos três acusados jogaram suas últimas cartas antes da decisão que pode levá-los ao banco dos réus em um júri popular. Yuri Cruz, advogado de Rafaela, a viúva de Igor, fez um pedido que, à primeira vista, parece uma cena de série policial: a devolução do celular da ré. A alegação? O aparelho conteria “provas de sua inocência”, elementos que poderiam “robustecer, ainda mais, a categórica ausência de responsabilidade penal de Rafaela”. Um celular para provar a inocência em um crime com 11 facadas? A trama engrossa com ares de roteiro de quinta categoria.

Já Mario Badures, defensor de Mario Vitorino, o suposto executor dos golpes, focou sua artilharia em dois pontos: a revogação da prisão preventiva de seu cliente e o alegado vazamento de dados durante o inquérito. Segundo Badures, a prisão de Mario “não encontra mais qualquer necessidade” nesta altura do processo. A narrativa de “vazamento de dados” sugere uma possível tentativa de desqualificar as provas, um movimento clássico no xadrez jurídico, onde a fumaça muitas vezes é mais importante que o fogo.

Leandro Weissman, advogado de Marcelly, a irmã da vítima e pivô central do “triângulo amoroso” segundo a acusação, optou por uma estratégia de “cadê as provas?”. Ele questionou a existência de evidências materiais contra sua cliente, solicitando informações cruciais sobre exames em roupas e até mesmo em uma unha postiça. Em um caso tão midiático e com detalhes tão escabrosos, a ausência de provas físicas concretas contra um dos acusados pode ser um ponto a ser explorado pela defesa, afinal, não se pode acusar sem um bom “show de evidências”, não é mesmo?

A Acusação: Paixão, Dinheiro e um “Inconveniente” No Caminho

Do outro lado do ringue, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) mantém sua posição firme: o crime foi premeditado e Igor Peretto era um “empecilho no triângulo amoroso” que se formou entre os três acusados. A promotora Roberta Bená Perez Fernandez não poupou adjetivos, descrevendo o caso como “chocante e violento”. A imagem pintada pelo MP é de um planejamento meticuloso, com os envolvidos mais preocupados em “planejar rotas de fuga” e calcular o tempo para o corpo “cheirar e chamar a atenção” do que em socorrer a vítima. Um pragmatismo assustador.

E as motivações? Um caldeirão borbulhante de paixão e ganância. A acusação aponta que, além do suposto envolvimento amoroso entre Rafaela e Marcelly, e entre Rafaela e Mario, havia claras vantagens financeiras na morte de Igor. Mario assumiria a loja de motocicletas da qual era sócio com a vítima, enquanto Rafaela herdaria bens. Marcelly, por sua vez, se beneficiaria indiretamente de seus relacionamentos com os outros dois. Um cenário digno de um romance policial, mas com um desfecho real e brutal, onde a conveniência financeira parece ter tido um peso maior que qualquer afeto.

Laudos, Gritos e Deboche: Os Detalhes Que Chocam

O laudo necroscópico adiciona uma camada ainda mais sombria à tragédia: Igor, se sobrevivesse ao ataque com 11 facadas, teria ficado tetraplégico. Um detalhe que sublinha a brutalidade do crime e a intenção de causar o máximo de dano. Não foi apenas um acidente, foi um ato de aniquilação.

O caso ganhou notoriedade não apenas pela complexidade do relacionamento entre os acusados, mas também por vídeos que vieram à tona. Em um deles, Mario Vitorino foi flagrado fazendo um gesto associado a facção criminosa antes de uma audiência, o que gerou revolta entre os familiares da vítima. Tiago Peretto, irmão de Igor e vereador, expressou a indignação ao ver os acusados “debochando da população”. Essas imagens e declarações adicionam um tempero de escárnio ao já trágico enredo, mostrando que, para alguns, a falta de vergonha na cara é tão grave quanto o crime em si.

O Que Vem Pela Frente: O Martelo do Juiz e a Expectativa do Júri Popular

Com as alegações finais do Ministério Público e das defesas já protocoladas, o juiz responsável pelo caso tem a difícil tarefa de decidir o futuro processual de Rafaela, Marcelly e Mario. Eles permanecem em prisão preventiva desde setembro de 2024, quando a prisão temporária foi convertida.

A grande questão é a “pronúncia”: a decisão de enviar ou não os réus a júri popular. Se o juiz entender que há indícios suficientes de autoria e materialidade, o “trisal” enfrentará um julgamento perante a sociedade, onde o peso da opinião pública e a emoção podem influenciar o veredito. Caso contrário, o processo pode ser arquivado ou os réus podem ser julgados por outro tipo de crime, com menor rigor – uma ironia para um caso de tamanha crueldade. Mesmo com a pronúncia, a defesa ainda pode recorrer, postergando a data do tão aguardado julgamento e esticando ainda mais essa novela da vida real.

A sociedade, que acompanha o caso com atenção, aguarda ansiosamente por justiça, enquanto os advogados continuam a mover suas peças nesse tabuleiro complexo, onde a vida de três pessoas – e a memória de uma vítima que se tornou um “inconveniente” – estão em jogo. A cortina ainda não caiu, mas o palco está montado para um dos julgamentos mais esperados do ano