kaio jorge

Cruzeiro x Palmeiras: A Raposa virou o time mais confiável do Brasil. Sim, você não leu errado.

Por um breve momento, achei que tinha entrado em um multiverso. Liguei a televisão, Cruzeiro contra Palmeiras. Quatro minutos depois, o placar já estava 2 a 0 pro time azul. Achei que o controle remoto tinha voltado no tempo para 2003, ou que o Palmeiras tinha resolvido fazer cosplay de Santos. Mas não. Era real. O Cruzeiro. Protagonista. Jogando bem. Vencendo. Com consistência.

É isso mesmo, Brasil: o Cruzeiro de Leonardo Jardim decidiu parar de brincar de “quase lá” e passou a jogar futebol de gente grande. Não é exagero dizer que, hoje, se existe um time que dá menos susto que a fatura do cartão depois de um mês comportado, é o Cruzeiro.

Em tempos de VAR indeciso, técnico surtado na beira do campo e escalações saídas de bingo, o Cruzeiro virou aquele amigo que chega no churrasco com a carne certa, sal grosso e ainda lava a grelha depois. Um time que entra em campo e, veja só, executa um plano de jogo. Sem caos, sem gambiarra, sem depender de gol espírita ou “intervenção divina do juiz”. Só futebol.

Contra o Palmeiras — sim, o Palmeiras do Abel, que costuma vencer até jogo que não disputa — o Cruzeiro foi um time tão aplicado taticamente que dava vontade de aplaudir com os pés. Kaiki travando o Estevão como se fosse o antivírus do Windows; Lucas Silva, com 39 pulmões, anulando até as ideias do adversário. E Cássio no gol, fazendo o básico com cara de quem nem sua mais por isso.

E não foi só a defesa. Teve gol cedo, teve frieza no fim, teve maturidade. O Cruzeiro virou aquele time que não apenas ganha, mas sabe o que está fazendo enquanto ganha. Dá até susto ver um time brasileiro assim, tão… funcional. É como ver um político entregando obra no prazo: algo que o coração não estava preparado.

Agora, é claro, ainda tem chão. Faltam peças, a janela de transferências está aí, e sempre há o risco de aparecer algum dirigente com vontade de “dar uma mexida” — aquele eufemismo que, normalmente, antecede uma tragédia anunciada. Mas se nada for sabotado internamente, sim, o Cruzeiro pode — e deve — ser levado a sério.

Afinal, se um time sem tanta grife, mas com organização, coerência e disciplina tática chegou até aqui, talvez o futebol brasileiro esteja finalmente aprendendo que camisa pesada ganha jogo… desde que venha acompanhada de um plano.

E cá entre nós: se até o Cruzeiro virou o time mais confiável do país, o próximo passo lógico é o VAR começar a acertar. Aí sim saberemos que o fim dos tempos chegou.