Ah, a Copa do Mundo de Clubes! Aquele torneio que, para alguns, é um mero “inconveniente no calendário”. Conveniente mesmo é ignorar que o futebol não é um monólogo europeu, não é mesmo, Daily Mail? Mas, como somos uns vira-latas atrevidos, resolvemos bagunçar o coreto. E que bagunça deliciosa, meus caros! A tal da “quinta fantástica” – ou seria “quarta-feira do terror europeu”? – com Flamengo 3 x 1 Chelsea e o glorioso Botafogo derrubando o todo-poderoso PSG, deixou o Velho Continente com uma leve indigestão, dessas que nem um Alka-Seltzer milenar resolve.
O Desdém Britânico: Uma Comédia de Erros com Sotaque
É de uma inocência quase infantil – ou seria apenas uma miopia conveniente? – o desdém dos jornais britânicos. O Daily Mail, com sua habitual perspicácia de um dente siso inflamado, sugere que times brasileiros são apenas um estorvo, uma pedrinha no sapato dos seus calendários milimetricamente planejados. “Europeus o consideram um inconveniente no calendário”, bradam. Ah, o sofrimento! Ter que voar para um lugar onde o sol ousa brilhar e a grama é verde de verdade, enquanto aqui jogamos em estádios que mal têm telhado, mas com uma paixão que faria qualquer lorde inglês corar (se eles soubessem o que é paixão, claro).
O engraçado é que, enquanto eles lamentam suas longas temporadas – coitados, 59 jogos! –, nós, que jogamos em campos de terra batida sob um sol de 40 graus, com mosquitos maiores que beagles e torcidas que fazem tremer o asfalto, estamos apenas começando a nossa. Onze jogos para o Flamengo? É o aquecimento, meus amigos! A diferença de calendário é uma desculpa tão batida quanto a melodia do hino da Champions.
O Clima Tropical e a Culpa do Sol: A Ciência Britânica da Derrota
E o clima! Ah, o clima tropical, o vilão silencioso das ambições europeias. “Os brasileiros estão acostumados a jogar em cerca de 30 graus, enquanto o Chelsea não”, pontua o sagaz Kieran Gill do Daily Mail. Juro que estou quase chorando de pena. Pobre Chelsea, acostumado com a brisa úmida e o céu cinzento de Londres, sendo forçado a encarar o calor dos Estados Unidos. É quase uma tortura medieval, não é mesmo? Talvez devêssemos jogar em iglus para sermos justos. Ou talvez eles pudessem tentar treinar em estufas, para simular a selvageria do nosso verão.
É fascinante como a ciência da derrota europeia sempre encontra uma desculpa climática. Não é a superioridade tática, a garra em campo, ou o fato de que nossos jogadores, por mais que ganhem milhões, ainda jogam como se suas vidas dependessem disso. Não, é o sol. O sol, essa estrela traiçoeira que se recusa a se adequar ao fuso horário britânico e insiste em brilhar intensamente.
BBC: A Voz da Razão (Com Um Toque de Surpresa)
Enquanto o Daily Mail se debatia em suas lamentações solares, a BBC de Londres, com uma lucidez quase chocante, admitiu a boa fase dos sul-americanos. “O fato de estarmos no meio da temporada na América do Sul pode ter algo a ver com os bons resultados até agora?”, questionou Neil Johnston. Ora, vejam só! Alguém acendeu a lâmpada da obviedade! Sim, caro Neil, estar com o motor quente, com o ritmo de jogo azeitado e a sincronia em dia, pode, sim, ter uma leve influência no desempenho. Mas não contem para o Daily Mail, eles ainda estão tentando entender a diferença entre “umidade” e “vapor”.
A BBC, de forma quase heroica, destacou as vitórias de Flamengo e Botafogo e o bom desempenho de Palmeiras e Fluminense. Dos seis times sul-americanos, apenas o Boca Juniors (sempre ele, né?) tropeçou. Isso, para quem vive em uma bolha futebolística europeia, deve ter sido um choque maior do que ver o príncipe William usando chinelos.
Flamengo e Botafogo: A Dupla Dinâmica do Caos no Calendário Europeu
O Flamengo x Chelsea placar de 3 a 1 não foi apenas uma vitória; foi um statement. Uma declaração em vermelho e preto de que a América do Sul não está para brincadeira. Ser o primeiro classificado para as oitavas de final, com uma rodada de antecedência, é o tipo de eficiência que faria qualquer gestor de projetos britânico ter um colapso nervoso. Enquanto o Chelsea se arrastava para sua 59ª partida da temporada, o Flamengo, fresco como um picolé em dia de sol, voava em campo. É quase injusto, admito. Mas a vida, assim como o futebol, nem sempre é justa.
E o Botafogo! Ah, o Glorioso! Depois de superar o PSG, campeão da Champions League (sim, aquele que gastou mais dinheiro em contratações do que o PIB de alguns países), o Alvinegro mostrou que não é preciso ter um xeique no comando para ter coração e bola. A classificação está praticamente no papo, independentemente do que aconteça contra o Atlético de Madrid. Um empate? Primeiro lugar. Perder por um ou dois gols? Classificado. Perder por três ou mais gols? Ah, aí o PSG tem que ser ruim mesmo, o que é sempre uma possibilidade.
O Verdadeiro Significado: Mais que um Troféu, É Orgulho
No fim das contas, enquanto para os europeus a Copa do Mundo de Clubes é um “inconveniente”, para nós, sul-americanos, é muito mais. É a chance de mostrar que nosso futebol, com todas as suas imperfeições, paixões e improvisos, tem valor. Que nossos jogadores, que muitas vezes vêm de realidades duras, podem brilhar no palco global. É a oportunidade de calar os desdenhos e mostrar que, sim, importamos.
Então, que venham os próximos “inconvenientes”. Que venham os calendários apertados, as desculpas climáticas e as análises míopes. Porque aqui, no calor da paixão e sob o sol que tanto incomoda, estamos construindo nossa própria história. E se o Flamengo x Chelsea placar de 3 a 1 foi apenas o aperitivo, imaginem o prato principal. Talvez, quem sabe, eles até comecem a nos levar a sério. Ou talvez continuem achando que somos apenas um atraso na programação. O importante é que a gente se diverte, e eles, bem, eles que lutem.