Minas Gerais 2026

Crônica: Minas Gerais 2026 — “Os políticos de terno” contra o influencer de camiseta preta

Minas Gerais, esse estado que já pariu estadistas e memes em igual proporção, entra em 2026 com um roteiro digno de série política da Netflix — se a Netflix fosse rodada no interior, com ring light, celular tremendo e muito desabafo em tom de “tô falando a verdade aqui, tá?”.

Entre um meme e uma fala indignada sobre “os políticos de terno”, Cleitinho, o senador do Republicanos, vai consolidando o próprio império digital — um feudo de vídeos verticais, frases de efeito e promessas com sotaque do povo.

Enquanto isso, Aécio Neves tenta a façanha de ressuscitar politicamente (e consegue, porque o eleitor mineiro tem o perdão mais fácil que o Pix), Kalil insiste em ser o “Lula de Belo Horizonte” — só que sem sindicato, sem barba e com menos paciência — e Rodrigo Pacheco… bom, esse virou praticamente um conceito filosófico: todos já ouviram falar, mas ninguém lembra exatamente o que faz.

📊 Os números não mentem — mas zombam

De acordo com as pesquisas Real Time Big Data e Paraná Pesquisas, Cleitinho lidera com folga. No cenário principal, ele aparece com 31%, quase o dobro de Kalil (18%). Pacheco amarga 13%, e Mateus Simões — vice de Zema e símbolo do tecnocrata que não empolga nem a própria equipe — fecha com 6%.

E o melhor: num cenário reduzido, Cleitinho chega a 40%. Quarenta. Por cento. É o tipo de número que faria qualquer marqueteiro tradicional chorar de raiva — o homem não tem plano de governo, mas tem carisma de live e engajamento de coach.

⚰️ Aécio Neves e o milagre da segunda chance

No Senado, o espírito do tucanato volta a rondar as urnas. Aécio Neves, o ex-ninguém mais resiliente da história política brasileira, lidera com 27,6%. O eleitor mineiro, aparentemente, é o único no planeta disposto a olhar pra ele e dizer: “Errar é humano, reeleger é mineiro.”

O restante da disputa é um cardápio da política contemporânea: Carlos Viana, o bolsonarismo elegante; Maurício do Vôlei, o outsider de academia; Duda Salabert, a resistência progressista; e Marcelo Aro, o centrão que já nasceu cansado.

🧘‍♂️ Zema, o Buda neoliberal

Romeu Zema, com seus 63% de aprovação, segue como o pai ausente da política mineira: não aparece, não se envolve, não promete — mas, de alguma forma, todo mundo acha que ele está “indo bem”. Seu segredo? O silêncio. E o silêncio, em tempos de tanto grito, virou um ativo eleitoral.

💥 Cleitinho, o antipolítico profissional

O eleitorado de Cleitinho é uma mistura curiosa: metade revoltado, metade entediado. Gente que desistiu de entender o noticiário e só quer alguém que grite no lugar dela. O senador virou o símbolo máximo do “antipolítico que vive de política”: briga com Brasília de manhã, vota no plenário à tarde e grava vídeo contra o sistema à noite.

É a política do desabafo, onde o discurso cabe num tweet (de preferência com erro de digitação) e o eleitor não quer saber de programa de governo — quer autenticidade, mesmo que fabricada em estúdio caseiro com microfone de lapela.

🫖 E a esquerda?

Marília Campos, do PT, ainda tenta existir no meio da barulheira. Aparece com 10,6%, mas enfrenta o desafio de sempre: falar de política pública num ambiente em que o algoritmo premia quem fala “tá errado isso aí” com mais convicção que conteúdo.

📺 Minas 2026: o reality político que ninguém pediu

O enredo está montado: Cleitinho no papel de protagonista indignado; Kalil como o ex-prefeito temperamental; Aécio, o zumbi tucano; Pacheco, o figurante de luxo; e Zema, o narrador distante que observa tudo com um café na mão e a calma de quem sabe que o caos o favorece.

Prepare-se: a eleição mineira de 2026 será uma mistura de reality show, culto motivacional e meme em campanha.
Vai ter desabafo, dancinha, vídeo no acostamento e promessa de que “agora vai”.

E, quem sabe, no meio disso tudo, o eleitor mineiro encontre o que todo mineiro busca há séculos — não o ouro, mas o impossível: um político que fale como o povo e governe como um estadista.

Spoiler: boa sorte nessa busca.