A ação da Azul (AZUL4) decidiu virar avião de verdade nesta segunda-feira, 8 de setembro, e subiu mais de 60% em uma única sessão. O papel, que estava mais afundado que bagagem extraviada, fechou o dia cotado a R$ 1,85, uma valorização de 62,61%. A Gol (GOLL4) pegou carona na turbulência positiva e também subiu mais de 40%. E não, não é milagre: é short squeeze.
Mas antes de você sair comprando ação de companhia aérea achando que vai voar junto, é bom manter o cinto afivelado: no acumulado de 2025, a Azul ainda amarga uma queda de 46,89%. Ou seja: decolou no dia, mas no ano ainda está fazendo escala no fundo do poço.
Por que a Azul (AZUL4) subiu tanto hoje?
A resposta mágica é: short squeeze — aquele fenômeno em que os vendidos tomam um susto, correm para cobrir posições e alimentam um foguete que sobe sem dó.
Segundo Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, muita gente estava apostando contra a Azul. E quando o papel bateu certos gatilhos de segurança, o mercado entrou em modo pânico invertido: os vendidos começaram a comprar para não perder ainda mais — e compraram tanto que ajudaram o papel a subir ainda mais.
Para quem achava que a ação estava indo de R$ 10 pra R$ 5, ver ela a R$ 13 foi tipo turbulência sem aviso.
Custo em dólar, receita em real: a matemática (às vezes) ajuda
Outro fator importante para a valorização foi o recuo no preço do petróleo e do querosene de aviação — ou seja, custo de operação menor para a empresa.
E como se não bastasse, o dólar deu uma refrescada, o que é sempre uma boa notícia para uma empresa que gasta em moeda forte e lucra em real sofrido.
E a Gol (GOLL4), voou junto?
Voou sim, com um baita impulso: as ações da Gol subiram 40,43%, cotadas a R$ 8,51. A possível fusão ou parceria com a Azul (o famoso “codeshare”) voltou ao radar dos investidores — e o CADE, nosso xerife da concorrência, deu 30 dias para as empresas explicarem esse relacionamento.
E aí fica a pergunta: o Cade vai deixar rolar ou vai cortar as asas? A verdade é que nem os analistas se entendem. Tem gente vendo sinergia, tem gente vendo só prejuízo em dobro. E tem torcedor da fusão porque acredita, e tem torcedor porque quer ver o caos completo.
A piada pronta: tem que saber se a direção quer… e se o Cuca também
Enquanto o CADE quer consenso entre Azul e Gol, vale lembrar: tem que saber se a direção quer e se o Cuca também quer, porque a gente sabe que o treinador não gosta de nada consensual. (Sim, até na Bolsa tem espaço para piada com técnico polêmico.)
Tráfego aéreo corporativo bomba, e o mercado delira
Outro empurrãozinho no otimismo: o aumento de 39% nas receitas com voos corporativos para os EUA animou o mercado. O dado veio da Abracorp (Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas), mostrando que o avião voltou a ser o novo escritório de executivos e vendedores.
E ainda tem os números da Latam, que mostram crescimento na demanda e deram a cereja no bolo: analistas começaram a sonhar com um novo ciclo de alta no setor aéreo.
Mas peraí: e os fundamentos?
Calma, investidor empolgado. Segundo Cruz, a Azul não vive seu melhor momento financeiro desde a pandemia. Mesmo com a alta absurda de hoje, ela continua fora das carteiras recomendadas por analistas que olham para o longo prazo.
Ou seja, pode até ter feito uma curva bonita no céu nesta segunda-feira, mas isso não significa que não possa cair de novo com estilo — tipo aquelas aterragens em Congonhas.
Azul (AZUL4) subiu, mas você sobe junto?
A alta é real. O motivo existe. O cenário macro ajuda. Mas não se iluda: esse mercado adora dar esperança só pra depois cobrar excesso de bagagem.
Se você está pensando em entrar agora, pare, respire e pergunte-se: estou comprando uma virada de jogo ou embarcando num voo que já decolou e pode pousar forçado?

