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Caetano Veloso retorna à BH para a nova fase da turnê “Meu Coco” no Arena Hall em única apresentação, no dia 2 de dezembro

Depois de lançar sua turnê nacional em BH, com 3 datas esgotadas, e passar pelas principais cidades do país, Caetano Veloso volta à Belo Horizonte para uma nova fase da turnê “Meu Coco”, no dia 2 dezembro, sábado, no Arena Hall, a partir das 20 horas, em única apresentação.

O cantor baiano Caetano Veloso, de 80 anos, usou as redes sociais em junho (4/6) para anunciar que a turnê Meu Coco pode ser a última dele fora da Bahia. “Penso que esta turnê pode ser a última que faço voando pelo mundo. Quero voltar a viver na Bahia e cantar lá toda semana – e que venha à minha terra quem quiser me ver e ouvir”,  publicou Caetano Veloso.

Confira a publicação no link:  https://www.instagram.com/p/CtFBOQqLZY0/?igshid=MzRlODBiNWFlZA==

Os ingressos estão disponíveis na bilheteria do Arena Hall e no Sympla.

Caetano Veloso  lançou seu álbum com canções inéditas, “Meu Coco”, com 12 faixas, 10 inéditas e 2 releituras, depois de 9 anos sem lancar um novo trabalho. A turnê MEU COCO tem um repertório especial, com seus grandes sucessos e também músicas do seu novo trabalho “Meu Coco”.

Leia o release do show “Meu Coco”, por Caetano Veloso:

Fazer show como parte da divulgação de um Lp novo é um hábito velho, do tempo dos discos físicos. O show Meu Coco, que começa turnê nacional em BH, refere-se a esse costume. Mas não é a mesma coisa. Dos que fiz ao longo da carreira, Prenda Minha foi o mais radical em não conter uma só canção do álbum Livro-e ele saiu do show Livro Vivo, eu que mantinha muito do repertório do disco. Acho que só Arnaldo Antunes faz shows como mesmo setlist do disco correspondente. No show Meu Coco procuro juntar peças marcantes do álbum com obras que registrem momentos históricos do meu trabalho. Mas com o caráter de roteiro quase cinematográfico que nunca me abandona quando projeto um espetáculo. Penso na sequência de canções como quem está diante de uma moviola-ou de um aplicativo de “edição”, que é como se chama hoje a montagem. Tenho alma de cineasta, embora não tenha vocação física para a vida de um. Assim, a distribuição de canções novas e canções conhecidas não tem a mera função de agradar aos espectadores que queiram ouvir ao vivo o que aprenderam no novo álbum e aos que busquem reouvir coisas minhas já consagradas. O critério vai muito além disso. A presença de algo antigo mas quase desconhecido-como a de umas e não outras faixas do disco Meu Coco-ilumina o que quer dizer a eventual aproximação de um surrado sucesso óbvio com uma igualmente óbvia canção marcante do álbum novo.

O fato de ter comigo, no estúdio de ensaio e no palco, músicos extraordinariamente dotados me deslumbra e intimida. De Lucas Nunes, um dos prodígios da Dônica e do Bala Desejo, que produziu o álbum Meu Coco comigo, a Kainã do Jeje; de Pretinho da Serrinha a Rodrigo Tavares; de Alberto Continentino a Tiaguinho (também) da Serrinha-é todo um grupo de supermúsicos. Lucas e Pretinho pré-planejaram comigo como andariam os arranjos e eu passei quase todo o tempo dos ensaios seguindo as sugestões que vinham deles. Devo confessar que me sinto deslumbrado e intimidado pela musicalidade deles.

 Visualmente, o espetáculo ganhou um presente quase mágico. Hélio Eichbauer, que vinha fazendo os cenários de meus shows desde O Estrangeiro, deixou, antes de morrer repentinamente, um esboço cenográfico que, depois de me ser mostrado por Dedé, que foi minha primeira mulher e viveu casada com Hélio por décadas, foi adaptado por Luiz Henrique, que fora assistente do grande cenógrafo. A adequação das linhas de Joseph Albers aos nossos sons nos diz que Hélio está vivo ali. O show é, desse modo, uma homenagem à sua memória.

A luz que revela as muitas possibilidades dessas formas longevas da Bauhaus foi planejada, sob minha mirada, por Fernando Young e Gabriel Farinon (e é operada por este último).

O desafio de equilibrar os sons de uma exuberante percussão com nossos gestos harmônicos e melódicos (além de poéticos) é enfrentado por Vavá Furquim (que, desde um encontro casual em Nova York nos anos 1980, tem sido o responsável pelo PA de todos os meus shows) e Igor Leite, que controla os in-ears e todo o som que os que tocamos ouvimos no palco.

Chego aos 80. A forma geral do show se deve também ao prazer da volta quase-pós-pandêmica aos palcos e a atenção à minha história nessa arte tão amada e bem cultivada pelos brasileiros-mesmo que minhas reservas quanto a meu talento para ela não tenham se desfeito.