os paralamas do sucesso - befly hall - 29 de agosto de 2025 - natalia ferri

Show do Paralamas em BH: Como foi a noite de celebração no Befly Hall

Paralamas Clássicos em BH: Quando 40 anos de estrada viram catarse coletiva

Você já teve a sensação de estar diante da história sendo feita? Foi exatamente isso que aconteceu no último fim de semana, em Belo Horizonte. Duas noites seguidas de casa cheia para receber Os Paralamas do Sucesso com a turnê Paralamas Clássicos. E o nome não mente: o show é um desfile de hinos, um respiro para quem cresceu ouvindo essas canções, e uma aula para quem ainda está descobrindo o peso que essa banda carrega no pop rock brasileiro.

Mais de 10 mil pessoas — de vinte e poucos a sessenta e muitos — cantando junto como se cada refrão fosse uma prece coletiva. O tipo de noite em que até quem foi arrastado à força acaba cantando “Meu Erro” no fim com o punho fechado e o olho marejado.


Memórias afetivas e surpresas no setlist

Não faço ideia de quantas vezes já vi o Paralamas ao vivo. 2008, na gravação com os Titãs. Depois em 2014, e mais uma vez em 2016. A de 2014 já era uma turnê comemorativa dos 30 anos. Agora, dez anos depois, a história se repete — só que com ainda mais camadas de emoção.

E se tem uma coisa que aprendi como fã é: a gente sempre quer mais. Ainda não foi dessa vez que ouvi “Fui Eu” ao vivo (fica o pedido pra 2026, tá, Herbert?). Mas finalmente fui presenteado com “Uns Dias”, em uma das versões mais lindas que já vi da banda. Teve até uma surpresa inesperada e deliciosa: uma releitura de “Should I Stay or Should I Go”, do The Clash, que incendiou o Befly Hall.

os paralamas do sucesso - befly hall - 29 de agosto de 2025 - natalia ferri


Herbert, Bi e Barone: a santíssima trindade do groove nacional

Ver os três em ação é uma aula. Herbert Vianna pode ter mudado o jeito de cantar alguns versos, pode ter desacelerado o tempo de certas músicas — mas o que ele entrega ali é emoção pura. Cada sílaba tem intenção. Cada olhar para o público é um abraço. E quando ele erra, ri, pede desculpa e segue. Porque, como ele mesmo disse no palco, “é culpa da ansiedade de compartilhar essa energia boa com vocês”. E é exatamente isso.

Bi Ribeiro, com seu baixo cortando o ar feito navalha, parece comandar o coração do show. O grave pulsa no peito, sobe pelos pés, sacode o público sem pedir licença. E João Barone, esse monstro gentil da bateria, segura tudo com firmeza e leveza, como só os mestres fazem. O pop rock brasileiro deve muito a esses caras. E segue devendo.


Detalhes, arranjos e a beleza de não tocar no automático

O que mais me impressionou nesse show foi justamente o que passaria despercebido em qualquer outro: os arranjos vocais e os beats repensados. Herbert não está interessado em simplesmente “repetir o disco ao vivo”. Ele reinventa. Suaviza aqui, estica ali, tira a pressa das músicas sem tirar sua alma. É como se dissesse: “essas canções ainda dizem coisas novas, mesmo depois de 40 anos”. E dizem.

Essa escolha de não cair no piloto automático é, por si só, um manifesto. Um recado sutil de que ainda há muito a ser dito, sentido e reinventado — mesmo dentro do repertório que todo mundo já conhece de cor.


Se você nunca viu Paralamas ao vivo, o erro não é deles

É seu. Mas ainda dá tempo de corrigir.

Ver o Paralamas do Sucesso hoje é mais do que assistir a um show. É viver um momento cultural que conecta gerações, atravessa décadas e reafirma que sim, a música brasileira tem heróis. E eles ainda estão entre nós, com instrumentos afinados e a alma em chamas.

Como diz a própria banda, “o amor não sabe esperar”. E você também não devia.