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O retorno de Dudu ao Cruzeiro – mas do lado errado da Lagoa

O futebol mineiro é tão dado ao drama que, se fosse novela, já teria dado mais audiência que Avenida Brasil. E o capítulo da vez chama-se “Dudu contra o Cruzeiro: o Ex que voltou, mas de camisa preta e branca”.

Sim, meus caros: Dudu, cria da Toca da Raposa, aquele que foi revelado pelo Cruzeiro, rodou, voltou, rodou de novo, brigou, fez dois gols e arrumou encrenca, agora vai reencontrar o ex-time. Só que defendendo o maior rival. É como se o sujeito largasse a esposa, voltasse pra ela, reclamasse da comida, fizesse barraco no almoço de domingo, pedisse divórcio… e depois aparecesse no churrasco do vizinho, de mãos dadas com a cunhada.

A segunda passagem de Dudu pelo Cruzeiro foi mais curta que meme no TikTok. Dezessete jogos, dois gols e uma entrevista mal-humorada que valeu mais que qualquer chute a gol. O resultado? Perdeu espaço, perdeu moral, perdeu contrato. A Raposa assinou a rescisão com gosto de alívio. E o Atlético, com aquele ar de vilão de novela mexicana, apareceu sorrindo:
“Vem, meu filho, aqui você vai brilhar.”

Agora, o reencontro é pela Copa do Brasil. E se tem algo que o futebol adora é reencontro com cheiro de vingança. Imagine a torcida do Cruzeiro olhando Dudu de camisa alvinegra na Arena MRV. É como ver o crush antigo postando foto feliz com o desafeto número um. Dor, raiva e uma pontinha de arrependimento.

Do outro lado, a Massa atleticana está feliz da vida: ganharam de brinde um jogador motivado a mostrar que não é “fracasso de ex”. Porque todo craque que enfrenta o time antigo vira, por 90 minutos, a reencarnação do Cristiano Ronaldo.

Se Dudu fizer gol, já sabemos: vai ser comemorado com dancinha, dedo na boca pedindo silêncio, e um close dramático da torcida celeste querendo atravessar o alambrado. Se perder pênalti, aí o roteiro muda: a torcida do Cruzeiro vai rir como quem diz “eu já sabia”, e a do Galo vai fingir que o amava só como marketing.

De qualquer forma, o clássico promete ser digno de tragédia grega com sotaque mineiro: Dudu, o filho pródigo que nunca deu certo em casa, voltando como inimigo. Shakespeare não faria melhor.

E o torcedor, claro, agradece. Porque, em Minas, a vida já é dura: pão de queijo caro, fila no Mercado Central, trânsito no Anel Rodoviário. Mas quando Dudu reencontra o Cruzeiro vestindo a camisa do Galo, a gente sabe que vai ter aquele tempero que só o Campeonato Rural sabe entregar: drama, ironia, e a certeza de que ninguém esquece o passado.