Por Jorginho
Você sabe que o Brasil tá bem posicionado no ranking global de surreais quando uma deputada federal é condenada por ter encomendado um hacker pra invadir o sistema do CNJ — o Conselho Nacional de Justiça. Isso mesmo. Justiça. O hacker foi lá, invadiu, falsificou mandado, e ainda fez um fake mandando o Alexandre de Moraes prender… o Alexandre de Moraes. Se isso não é ficção científica com roteiro do Zorra Total, eu não sei mais o que é.
No último episódio do nosso reality político-jurídico, Carla Zambelli foi condenada pelo STF a 10 anos de prisão, e seu sidekick digital, Walter Delgatti, a 8 anos. Agora pense: o hacker ganhou menos pena do que a deputada. O que, na matemática da malandragem, significa que até o hacker sabe o limite da merda que tá fazendo. A deputada, não.
O caso é quase poético. A ultraconservadora que queria “salvar o Brasil da corrupção” agora vai ter tempo de sobra pra pensar nisso numa cela onde nem login e senha vão salvar. O que começou como uma tentativa tosca de desmoralizar a Justiça, virou o plot twist que nem novela da Record teria coragem de escrever.
E a motivação, segundo a PGR? Política. Não era dinheiro, nem poder hacker — era desmoralizar o Judiciário pra ganhar curtida de coach e voto de tiozão do WhatsApp.
A estratégia de defesa foi, no mínimo, ambiciosa. Zambelli jura que não sabia de nada. Que tudo foi obra de um “mitômano”, que agiu por conta própria, como se hackers brotassem em Brasília oferecendo pacotes combo de invasão com brinde de mandado falso.
Segundo ela, não houve provas “irrefutáveis e induvidosas”. O que, traduzido do juridiquês do desespero, significa: “tem prova sim, mas a gente queria muito que ignorassem”. E, claro, não poderia faltar o clássico: “esperamos que algum ministro peça vistas”, o famoso “só um milagrinho me salva”.
O julgamento aconteceu no plenário virtual. E isso foi motivo de chilique da defesa. Porque, veja bem, Zambelli, que adora live, story, tweet inflamado e treta digital, queria ser julgada ao vivo, presencial, no olho no olho. De repente, o mundo online não pareceu tão confortável.
Aparentemente, quando o STF age com a mesma frieza de um algoritmo, a turma do “liberdade acima de tudo” grita “cerceamento de defesa!”
Mas nada supera o momento auge da história: o hacker que falsificou um mandado de prisão pro próprio ministro que ia julgá-lo. É tipo invadir a casa do delegado e deixar um bilhete dizendo: “Avisa que fui eu, e me prende se for homem.”
E aí alguém achou que isso daria certo.
Spoiler: não deu.
A realidade, meus caros, é que a era digital bagunçou até a criminalidade. Agora, não se precisa mais de malas de dinheiro ou cheques na cueca. Basta um notebook, acesso root, e um parlamentar carente de manchete.
Só que esqueceram de um detalhe: Justiça lenta não é Justiça cega. E quando ela bate, bate com força. Inclusive no mundo virtual.
Zambelli agora entra pra história com o currículo que nenhum assessor de LinkedIn ousaria escrever:
✅ Deputada Federal
✅ Ex-caçadora de “corruptos”
✅ Condenada por armar invasão hacker contra o próprio Judiciário
✅ Cúmplice de um hacker que falsificou mandado de prisão do ministro que o julgaria
✅ Multada em R$ 2 milhões
✅ E, muito em breve, ex-parlamentar com tempo livre para refletir sobre as escolhas da vida — provavelmente sem Wi-Fi.
No fim das contas, o Brasil pode ter problemas, mas nunca falta entretenimento de qualidade duvidosa.
E enquanto o hacker volta pro presídio, e a deputada tenta arrumar as malas com cara de injustiçada, o país observa, mais uma vez, que quem flerta com o golpe, pode acabar hackeado pelo destino.