gold card

Crônica: Sonho americano em promoção: agora por apenas US$ 1 milhão! Aceitamos Pix

Eis que Donald Trump acordou mais inspirado que nunca: resolveu que a liberdade, a democracia e o famoso sonho americano agora têm preço de etiqueta. US$ 1 milhão, para ser exato. Não é mais “Give me your tired, your poor” — aquela poesia da Estátua da Liberdade. Agora é: “Give me your million, your two if possible”.

O “Gold Card” é o novo brinquedinho: um pedaço de plástico reluzente com o rosto do próprio Trump estampado ao lado da Estátua da Liberdade. O que já era símbolo de acolhimento universal virou souvenir de shopping de luxo em Dubai. A ideia é simples: você paga, ele deixa você morar lá. É como comprar ingresso VIP para um show — só que o show é a vida, e o ingresso custa o preço de vinte apartamentos em Osasco.

E Trump, com a naturalidade de quem vende chapéu na praia, ainda disse ser “o primeiro comprador”. Ele comprando residência nos EUA é tipo Neymar pagando para jogar no Santos. Não faz sentido, mas faz barulho.

O que antes era o green card virou um cartão dourado, literalmente Trumpificado. E, claro, já vem com as promessas de sempre: vai gerar empregos, reduzir o déficit, atrair os melhores investidores. Na prática, o que gera é fila de milionários chineses, oligarcas russos e meia dúzia de “empreendedores digitais” brasileiros prontos pra dar golpe em dólar.

Enquanto isso, quem rala para conseguir visto de estudante, casamento ou trabalho continua suando frio diante do consulado. Mas Trump resolveu simplificar: o sonho americano é só questão de limite no cartão de crédito.

No fundo, o “Gold Card” é a mais honesta das políticas trumpistas: não se esconde atrás de ideais, não finge ser sobre liberdade, não apela para discursos poéticos. É capitalismo cru, sem anestesia, sem subtítulo. Quer morar aqui? Paga. Se não pode pagar, azar. O sonho americano sempre foi caro — agora só deixaram o preço mais claro.