O Atlético-MG foi ao Maracanã neste domingo e, sinceramente, poderia ter ficado em Belo Horizonte poupando gasolina e constrangimento. Porque o que se viu contra o Fluminense não foi um jogo de futebol — foi um atropelamento tático, técnico e emocional. Um 3 a 0 que soou até educado demais, quase um gesto de piedade tricolor diante de um Galo que parecia ter entrado em campo para pedir desculpas antecipadas.
O time de Sampaoli, que deveria ser sinônimo de intensidade, terminou o jogo com a energia de um modem de 2003 tentando reconectar à internet. O Atlético não atacou, não defendeu, não transpirou. Foi um fantasma em campo, um holograma alvinegro projetado no gramado do Maracanã.
Logo no primeiro gol, parecia que o Galo ainda estava calibrando o despertador. Samuel Xavier, lateral do Fluminense, apareceu na área como se fosse um penetra que ninguém notou — e, com toda a calma do mundo, colocou a bola no canto. Daí pra frente, só um time jogou. O outro apenas observou, talvez estudando o adversário para a próxima vida.
O meio-campo do Atlético parecia uma pista de pouso: os jogadores do Flu vinham de frente, aterrissavam, taxiavam e decolavam de novo — tudo sem ser incomodados. Hulk, quando não estava brigando com a bola, estava brigando com a própria paciência. Arana, geralmente preciso, virou espectador VIP do desastre. E o resto… bem, o resto pareceu estar pagando promessa.
No segundo tempo, Sampaoli mexeu. Colocou Scarpa e Gabriel Menino, talvez esperando um milagre. O que veio foi o segundo gol do Fluminense — um contra-ataque que começou num lateral ofensivo do Galo. Serna arrancou do meio-campo, ganhou de Hulk na corrida (sim, você leu certo) e de Vitor Hugo, e marcou com a serenidade de quem sabe que o adversário não vai reagir.
O terceiro gol foi só questão de educação: o Fluminense não quis humilhar, apenas confirmar o domínio. E quem segurou o vexame maior foi Everson, o único que pareceu entender que ainda valiam três pontos.
O pós-jogo foi uma mistura de confissão e terapia coletiva. Sampaoli admitiu que o time perdeu a convicção. O diretor desceu o tom — ou melhor, subiu o tom — e disse que “acabou”. E Hulk, sempre ele, pediu desculpas à torcida.
A verdade é que o Atlético jogou como quem esqueceu o que é ser o Atlético. Um clube que, há pouco tempo, metia medo em qualquer estádio, agora parece confundir intensidade com desespero e posse de bola com sono leve.
O placar foi 3 a 0. Mas, no fundo, o resultado foi outro: o Galo perdeu a identidade. E se não acordar rápido, vai descobrir que o futebol, assim como a paciência da torcida, tem prazo de validade.
Porque jogar mal é do jogo.
Mas jogar sem alma… é pedir pra ser esquecido.