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Gabriel Veneno, o garoto que sobreviveu à picada e agora envenena defesas

O futebol brasileiro tem dessas ironias poéticas que só ele explica. Um menino de 16 anos, chamado Gabriel Veneno, sobrevive a uma picada de cobra na infância — perde parte do dedo, mas ganha um apelido e uma história que nem roteirista da Globo teria coragem de inventar — e agora está prestes a estrear no Atlético-MG, envenenando zagueiros em vez de serpentes.

Veneno é o tipo de personagem que o futebol precisa: vem de Ilhéus, jogou em escolinha de bairro, foi dispensado pelo Santos (porque todo craque brasileiro precisa de um “dispensado pelo Santos” no currículo) e ressurgiu na Copa Dois de Julho, onde o Galo o pescou como quem encontra diamante em areia grossa.

Agora, aos 16, ele já treina com os profissionais e foi relacionado por Jorge Sampaoli para o jogo contra o Sport. Um moleque que ainda poderia estar jogando no sub-17, mas já divide vestiário com Hulk e Arana — dois caras que já viram mais expulsões do que ele teve provas de matemática.

Mas o detalhe que mais chama atenção é o nome: Gabriel Veneno. Parece até personagem de quadrinho. Se o futebol fosse Marvel, ele seria o anti-herói que tomou o antídoto errado e saiu driblando o mundo.

E o apelido não é marketing, é biografia. O garoto foi picado por uma cobra de verdade — dessas que não dão tempo de pensar em TikTok — e, mesmo assim, sobreviveu. É o tipo de origem que dá moral em qualquer vestiário: como é que um zagueiro de 30 anos vai intimidar um menino que já venceu uma serpente?

Na Cidade do Galo, ele é tratado como joia rara, com Chelsea e Borussia Dortmund de olho. Os europeus farejam talento brasileiro como quem procura trufa no mato. E no caso de Veneno, já acenaram com 5 milhões de euros — ou seja, o suficiente pra pagar o salário de meio elenco por um mês e ainda sobrar pra uma churrascada no CT.

Mas o Atlético, ao que tudo indica, quer mais do que vender promessa. Quer moldar um personagem, um símbolo de renascimento, um garoto que carrega no nome e na história o que o Galo anda precisando: veneno, resistência e um pouco de milagre.

Se o futebol fosse justo (mas ele nunca é), Gabriel Veneno não seria só mais um nome na lista de promessas. Seria o lembrete de que, no Brasil, o talento sobrevive até a picada — de cobra, de crise ou de empresário ansioso.

Agora é esperar pra ver se o menino de Ilhéus, o garoto que venceu o veneno, vai virar antídoto do tédio no ataque do Galo.

Porque se o destino existe, ele deve estar rindo agora: o moleque que um dia quase morreu por veneno… pode ser justamente quem vai dar vida ao ataque do Atlético.