Hulk sem rolê com a bola rolando
O tempo passa, o tempo voa, e o Hulk continua na boa… desde que a bola esteja parada. Porque no Brasileirão, com ela rolando, o camisa 7 do Atlético-MG parece ter virado funcionário público da área de cobranças especiais: falta, pênalti, escanteio — se for imóvel, ele resolve. Mas bola quicando, cruzamento rasteiro, tapa de primeira? Aí já é pedir demais.
A última vez que o Hulk fez um gol com a bola em movimento foi em 22 de setembro de 2024. Repito: setembro de 2024. De lá pra cá, o Brasil trocou de novela das nove três vezes, a gasolina subiu umas cinco, o Elon Musk inventou mais duas empresas inúteis, e o Hulk ainda segue esperando a bola “ficar parada sozinha” pra bater.
Não que ele tenha parado de marcar: foram 19 gols no período. Só que tudo saiu de bola estacionada. É como se o cara tivesse assinado contrato com o Google Maps: só chuta quando a bola “atualiza localização”. Gol olímpico? Teve. De falta? Vários. De pênalti? Aí é quase telecurso. Mas gol com drible, infiltração, tabelinha? Esse virou peça de museu.
E a torcida do Galo, claro, faz o quê? Bate palma, porque Hulk ainda é artilheiro da temporada. O que ninguém quer admitir é que, hoje, o Hulk está mais pra professor de bola parada do que pra atacante decisivo. Parece aquele tio do churrasco que não corre mais, mas ainda acerta a bola no ângulo quando joga pelada na praia.
A ironia é que o homem está a dois gols de alcançar os 500 na carreira. Quinhentos! Marca absurda. Só que, se continuar nessa toada, vai chegar com mais gols de bola parada do que muito time pequeno soma em campeonato estadual.
E a pergunta que fica é: Hulk desaprendeu a jogar com a bola em movimento? Ou apenas se cansou do esforço e decidiu terceirizar o trabalho pros colegas? Afinal, fazer gol de pênalti exige menos quilometragem que disputar bola com zagueiro jovem de 20 anos cheio de whey protein na veia.
Enquanto isso, o Brasileirão segue, o jejum cresce, e a bola rolando olha pro Hulk e pergunta: “não vai me chamar pra dançar?”.

