O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou nesta terça-feira (4) o registro do estatuto do Partido Missão, ligado ao Movimento Brasil Livre (MBL). Com isso, a nova legenda está oficialmente apta a atuar na política brasileira — e o país soma agora 30 partidos registrados.
O processo de criação, iniciado em 2023, contou com a coleta de mais de 577 mil assinaturas válidas e o cumprimento de diversos requisitos legais. A legenda será comandada por Renan Santos, fundador do MBL, e terá o número 14 nas urnas — mesmo número que já foi do extinto PTB.
A seguir, explicamos o que significa essa aprovação, como foi o processo de criação do partido e o que esperar do Missão a partir de agora.
O que muda com o registro do Partido Missão?
Com a aprovação do estatuto pelo TSE, o Missão passa a ter plena existência jurídica como partido político. Isso garante direitos importantes, como:
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Participar de eleições com seus próprios candidatos;
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Receber recursos do Fundo Partidário e Fundo Eleitoral;
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Ter direito a tempo de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV;
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Usar com exclusividade o nome, número e símbolos da sigla;
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Estabelecer diretórios estaduais e municipais pelo país.
Ou seja, o MBL agora tem seu próprio canal institucional para concorrer em eleições e articular projetos políticos dentro das regras partidárias.
Como foi o processo de criação?
A fundação do Missão começou oficialmente com o registro em cartório, em outubro de 2023. Para conseguir o aval do TSE, a legenda precisou cumprir uma série de exigências:
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Coletar 0,5% dos votos válidos da última eleição para a Câmara dos Deputados — ou seja, mais de 547 mil assinaturas de apoio, com eleitores distribuídos em ao menos nove estados diferentes.
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O Missão apresentou 577,9 mil assinaturas válidas, superando a meta.
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Ter diretórios estaduais em ao menos nove unidades da federação.
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Comprovar a adesão de, no mínimo, 101 fundadores com cadastro eleitoral em pelo menos um terço dos estados.
Além disso, o ministro relator André Mendonça aprovou o registro com duas exigências de alterações no estatuto, que devem ser feitas em até 90 dias para adequação à lei.
Por que o MBL quis fundar um partido próprio?
O MBL surgiu como movimento político em 2013, ganhando notoriedade durante os protestos a favor do impeachment de Dilma Rousseff e no apoio à Operação Lava Jato. Desde então, seus integrantes disputavam cargos por outras siglas, como o DEM, Patriota e Podemos.
Agora, com o Missão formalizado, o grupo poderá:
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Lançar candidaturas próprias sob a mesma legenda;
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Controlar repasses do fundo eleitoral para seus candidatos;
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Ter maior autonomia na definição de estratégias e alianças;
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Consolidar uma marca política unificada com identidade visual, discurso e programa.
O que significa o número 14 nas urnas?
O número 14 que será usado pelo Missão já foi do PTB, partido que em 2023 se fundiu com o Patriota, formando o Partido Renovação Democrática. Com isso, o número ficou vago e foi aproveitado pelo novo partido.
E o cenário partidário no Brasil?
Com o Missão, o Brasil passa a ter:
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30 partidos registrados no TSE com direito a disputar eleições;
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24 legendas em processo de formação aguardando validação;
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Uma tendência de redução do número de partidos viáveis, devido à cláusula de barreira — regra que limita acesso a recursos públicos e tempo de TV para partidos com pouca votação.
A criação do Missão chama atenção por acontecer justamente num momento de consolidação partidária, em que fusões e extinções são mais comuns que fundações.
Qual a proposta política do Missão?
Apesar de ainda não ter um programa político completo divulgado ao público, o Missão carrega os princípios do MBL, que tradicionalmente se apresenta como:
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Liberal na economia, com defesa do livre mercado e desburocratização;
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Crítico ao sistema político tradicional, mas alinhado à institucionalidade;
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Ativo nas redes sociais e com forte apelo à juventude urbana;
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Frequentemente posicionado contra pautas da esquerda e progressismo.
A expectativa é que o partido aposte em candidaturas ligadas à nova direita liberal, com foco em influenciadores políticos, empresários e jovens líderes.
E agora, o que vem pela frente?
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O partido poderá lançar candidatos já nas eleições de 2026, se cumprir os prazos legais.
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Deve reforçar sua presença em redes sociais e debates políticos.
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Terá até 2027 para ajustar seu estatuto conforme as exigências do TSE.
Resumo: o que você precisa saber
| Fato | Detalhe |
|---|---|
| Partido criado | Missão (MBL) |
| Número eleitoral | 14 |
| Presidente | Renan Santos |
| Aprovação no TSE | 4 de novembro de 2025 |
| Assinaturas coletadas | 577.900 (mínimo exigido: 547.000) |
| Registro inicial em cartório | Outubro de 2023 |
| Diretórios estaduais | Pelo menos 9 |
| Situação atual | 30º partido político oficialmente reconhecido no Brasil |

