paul mccartney got back

Review: Show do Paul McCartney no Rio de Janeiro

Em comparação com a apresentação em Belo Horizonte no dia 3 de dezembro na ARENA MRV, o último espetáculo da turnê “Got Back” no Rio de Janeiro foi a verdadeira cereja no topo do bolo de uma experiência com um ex-Beatle.

Sem menosprezar o show em Minas Gerais, é inegável que o lendário Paul McCartney não estava tão inspirado naquela noite. Talvez tenha sido um compromisso na agenda, mas, no Maracanã, presenciamos um verdadeiro showman de 81 anos redefinindo os padrões do bom e velho rock n’ roll.

O repertório, embora semelhante, foi mais generoso com o público carioca. McCartney continuou suas pausas para interações, mas, desta vez, as gírias regionais incluíam pérolas como “o pai tá on”, proporcionando um toque personalizado para conquistar os corações dos fãs.

A grande incógnita pairava: seria este o palco derradeiro da carreira de McCartney, marcando uma despedida emocionante? A Disney, de maneira esperta, transmitiu o show, levando o cantor a brincar com um toque “fantástico, meio Disney”, mas sem confirmar a possibilidade. Considerando que nos anos 1990 ele estabeleceu um recorde de público no mesmo Maracanã, com mais de 180 mil pessoas, seria uma despedida à altura.

A dúvida, no entanto, adicionou um elemento extra à experiência. O público respondeu à altura, seja cantando em coro ou organizando homenagens memoráveis. Balões iluminados durante “Ob-La-Di, Ob-La-Da” foram estonteantes, mas o ápice foi o estádio INTEIRO segurando cartazes com “Na na” durante “Hey Jude”. Em mais de duas décadas de dedicação aos shows, foi um dos momentos mais belos e especiais testemunhados.

Dessa vez, o baterista Abe Laboriel Jr., sem contusões, usou ambas as mãos para executar as 39 músicas do repertório. Embora mais descontraído em BH, o carismático artista arrancou risadas com suas interações, além de brilhar na parte instrumental.

Curiosamente, McCartney repete o que pode frustrar em bandas como o Foo Fighters: a preferência por repetir a maioria das canções e interações. Contudo, ver uma lenda de 81 anos fazer isso é diferente. Pode causar desapontamento, mas é garantia de um espetáculo inesquecível, realizado por alguém que ainda pode tudo em cima do palco.

Faltaram algumas músicas, o que é inevitável quando se trata de alguém tão especial. No entanto, a noite foi recheada de história e momentos memoráveis, algo que, como diz Milton Nascimento, ficará guardado no fundo do peito, testemunhado até por outra lenda viva da música, que acompanhou a turnê de McCartney pelo Brasil como um verdadeiro fã.