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Léo Lins: O humor algemado e o grande show do tribunal

Então é isso. Leo Lins, o cara que achava que fazer stand-up era o mesmo que sair no palco distribuindo voadoras verbais em minorias, agora vai ter que testar suas piadas no maior open mic da vida: o sistema prisional. O show dele, “Perturbador”, parece que perturbou mesmo — não só plateias, mas também juízas, promotores, e, quem diria, até a Constituição.

O espetáculo agora tem outro nome: “O comediante e a pena de oito anos e três meses”. Parece nome de drama francês indicado ao Oscar, mas é só Brasil em 2025, onde a liberdade de expressão virou figurante e o direito à empatia, protagonista.

Segundo a defesa, o caso é “censura”. Claro, porque chamar indígena de piada, negro de ponto de virada cômico, gay de bordão e criança com deficiência de punchline… tudo isso é só uma versão atualizada de Chaplin, né? Gente sensível é que não entendeu a arte.

Dizem que ele só usava o “riso como subterfúgio retórico”. Ah, bom. Pensei que era só preconceito mesmo. Mas quando vem com essa embalagem de “retórica”, tudo parece mais sofisticado. Tipo servir preconceito com redução de balsâmico.

É curioso como certos artistas se dizem “transgressores” só quando o alvo da transgressão está abaixo deles na pirâmide social. Humor ousado, para essa galera, nunca é contra banqueiro, político ou dono de multinacional. É sempre contra quem já apanha todo dia da vida.

E agora, diante de uma sentença histórica, a classe artística se divide: uns berram “liberdade!”, outros murmuram “finalmente”. Enquanto isso, Lins posta foto da estátua da deusa da Justiça com ar de filósofo incompreendido, como se fosse Sócrates esperando o cálice de cicuta, quando, na real, só faltou o nariz vermelho e o sapato gigante — porque o que temos aqui é um palhaço que esqueceu onde termina a piada e começa o crime.

Mas que fique claro: ninguém está proibindo o humor de ser ácido, crítico, politicamente incorreto ou desconfortável. Só está ficando um pouco mais difícil confundir “comédia” com “covardia disfarçada de coragem”.

Agora é esperar a próxima turnê. Talvez o título seja “Piadas que você pode contar sem ser processado”. Spoiler: vai ser um show bem curto.