Flávio Dino não economizou no veredito. Em seu voto desta terça (9), o ministro do STF carimbou: Bolsonaro e mais sete réus devem ser condenados por tentativa de golpe de Estado. E assim, o placar da Primeira Turma do Supremo já marca 2 a 0 — e faltam só mais três ministros para decidir se o ex-presidente vai mesmo amargar uma condenação histórica. Spoiler? Tá feia a coisa pro lado do capitão.
Enquanto Alexandre de Moraes jogava com as cartas marcadas da cronologia golpista, Dino trouxe o toque filosófico: “A Constituição precisa estar preparada para evitar os cavalos de Tróia.” Traduzindo: não adianta vir de terno e gravata se a intenção é derrubar a democracia por dentro.
E antes que algum assessor do PL ache que vai resolver tudo com um indulto, Dino já adiantou: crime contra o Estado Democrático de Direito não prescreve, não tem anistia, nem jeitinho.
Bolsonaro no centro do enredo — e não é ficção
Segundo Moraes, o ex-presidente liderou uma organização criminosa digna de roteiro de filme B. Mas, diferentemente de Hollywood, aqui as provas têm nome, data, IP e vídeo em HD.
Veja só a lista de “obras” da turma:
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Live de 2021 atacando as urnas: “Mais um ato executório”, segundo Moraes.
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Reuniões secretas encontradas no computador de Mauro Cid: “Confissão”.
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Plano Punhal Verde e Amarelo: sim, aquele que parece roteiro de fanfic, mas que previa neutralizar autoridades.
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Minutas de decreto golpista: o plano já estava pronto, só faltava definir o “timing”.
E tem mais: a bomba no caminhão no Natal, os ataques de 12 de dezembro e o quebra-quebra de 8 de janeiro foram todos enquadrados como parte da escalada do golpe.
“Estamos esquecendo que o Brasil quase voltou a uma ditadura de 20 anos porque um grupo político não soube perder as eleições”, cravou Moraes — com a sutileza de um míssil Tomahawk.
O que falta agora?
Com o placar 2 a 0, bastam mais um único voto entre os três restantes (Zanin, Fux e Cármen Lúcia) para selar a condenação de Bolsonaro e seus aliados. A expectativa é que o julgamento seja encerrado até sexta (12), mas o Brasil inteiro já sacou a pipoca.
E a PGR?
A Procuradoria-Geral da República foi cirúrgica: listou cinco crimes que pesam contra Bolsonaro e companhia limitada:
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Abolição violenta do Estado Democrático de Direito
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Tentativa de Golpe de Estado
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Organização criminosa
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Dano qualificado
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Deterioração de patrimônio tombado
As penas somadas podem ultrapassar duas décadas. Mas, por enquanto, Bolsonaro segue em prisão domiciliar, assistindo tudo de camarote (e sem direito a live).