projeto de lei bebê reborn

Congresso Nacional e os Filhos de Vinil

Por Jorginho

Atenção, Brasil: o bebê reborn chegou ao Congresso. E não é no colo de parlamentar carismático pra fazer média na CPI da Maternidade. É sério. Ou quase. Nesta semana, três projetos de lei — isso mesmo, três — foram protocolados na Câmara dos Deputados para lidar com o novo e mais inesperado drama da República: os bonecos hiper-realistas e quem ama demais esses pedaços de silicone com cílios de verdade.

Se você achava que o Parlamento só servia pra discutir reforma tributária, orçamento secreto e briga de “deputado da motoca” com “deputado da arma”, chegou a hora de repensar. Porque agora estamos discutindo, com seriedade institucional e verba pública, se o Bento de vinil pode furar fila no SUS.

O PL 2326/2025, do deputado Paulo Bilynskyj, propõe proibir expressamente o atendimento de bebês reborn em instituições de saúde. Porque, aparentemente, alguém levou o brinquedo pro posto e quis que o enfermeiro aplicasse vacina BCG. E você aí achando que o brasileiro já tinha atingido o limite da criatividade catastrófica…

Segundo o projeto, é preciso proteger o sistema de saúde de “eventuais desvios” e “distorções da realidade”. Uma forma sutil de dizer: “Pare de levar o boneco pro hospital, minha filha, e trate de arrumar um terapeuta de carne e osso.”

Mas não para por aí. Outro projeto sugere acolhimento psicossocial para adultos que criam vínculos afetivos profundos com bonecos. Isso mesmo. O Congresso quer garantir suporte emocional pra quem acredita que Eloá, a reborn de olhos vidrados, merece um plano de saúde familiar. Já pensou no cartão do plano? “Titular: Maria da Silva. Dependente: Boneca.”

A terceira proposta? Regulamentar o mercado de bonecos como atividade artística. Agora sim: o que antes era uma brincadeira de adulto em crise pode se transformar em segmento cultural com CNPJ e Sesc.

É o Brasil onde o reborn virou pauta legislativa e o país real assiste tudo atônito, entre um boleto vencido e um plantão do Jornal Nacional. Enquanto a inflação da cenoura continua ignorada, temos comissão especial debatendo se a reborn pode entrar no carro do SAMU com prioridade.

Imagine a cena: o paramédico chega suando, abre a maca e encontra um bebê de plástico de fralda da Pampers e pulseirinha escrita “Luna”. A mãe, emocionada:
Ela teve uma crise de ansiedade. Tava muito molinha.
E o socorrista, já rendido ao teatro nacional:
Quer que eu ouça o pulmão ou prefira que a gente siga pro hospital de referência em brinquedos premium?

Mas é aí que mora o ponto mais trágico e hilário da coisa: o Brasil não é contra a reborn. O Brasil só está tentando entender onde diabos a ficção virou protocolo clínico. Porque não é sobre proibir brincar. É sobre o limite do papel — ou vinil — na vida adulta.

E, claro, sobre o uso de recursos públicos. Porque enquanto um projeto propõe acolhimento psicológico para quem ama bonecos, o que falta mesmo é psicólogo de verdade no SUS pra quem ama crianças reais. E não de fábrica.

No fim das contas, o Congresso pode até legislar sobre o reborn. Pode proteger os afetos, regulamentar o comércio e, quem sabe, criar uma Frente Parlamentar em Defesa da Fantasia. Mas o que a gente precisava mesmo era de um país onde as pessoas brincassem menos de maternidade fake… e recebessem mais cuidado real.

Ah, sim. Se esse post tocou seu coração, comenta aqui com um emoji de mamadeira. Porque isso aqui não é uma crônica. É um role play da lucidez no último bastião da insanidade coletiva: o Brasil.